Latam: maior pacote de estímulo econômico

3 grupos de países foram identificados de acordo com o ambiente externo dos shoppers
07 outubro 2020
dinheiro, financa
gerente
Cecilia
Alva

Diretora de Clientes e Novos Negócios Latam

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De acordo com o Consumer Insights da Kantar, o segundo trimestre do ano foi o de maior consumo dos últimos anos na América Latina. Houve um aumento acelerado nas últimas semanas de maio a junho, superando os níveis de consumo pré-COVID-19.

Nesse contexto, após mais de 150 dias de confinamento, na América Latina três grupos de países foram identificados de acordo com o ambiente em que se encontram os consumidores e que permitiu identificar seu desenvolvimento em relação aos demais:

-   Grupo 1. Brasil e México - Baixa pressão: Pouco isolamento social com ajuda governamental, especialmente no Brasil

-   Grupo 2. Argentina e Chile - Média pressão: Isolamento social médio, mas com apoio governamental para classes socioeconômicas mais baixas

-   Grupo 3. Colômbia, Equador, Peru e Bolívia - Maior pressão: Alto isolamento com pouco apoio do governo - Peru é a exceção e de fato cresce além da média do grupo

“A pandemia forçou os governos da América Latina a implantar o maior pacote de estímulo econômico da história. Nunca houve uma ação em tamanha escala e em todos os países ao mesmo tempo. Por casal desta ação, o Brasil é o que tem maior destaque, mas como porcentagem do PIB, Chile, Argentina e Peru também têm programas importantes. O destaque desses pacotes para aquisição de bens de consumo massivo são as transferências diretas de renda”, explicou Cecilia Alva, Client & New Business Director Latam Worldpanel Division de Kantar.

Com o maior volume de transferências diretas, o Brasil é o único país onde o crescimento de bens de consumo massivo no segundo trimestre é superior ao de março, mês no qual houve pico de consumo. No México e na América Central, o crescimento neste período foi importante, mas um pico como este ainda não havia sido visto. Por sua vez, na Argentina e no Chile (Grupo 2), a pandemia reverteu a tendência de queda do mercado de 2019, mas o crescimento já mostra sinais de desaceleramento.

Os programas de transferência de renda são massivos na Argentina, Brasil, Chile e Peru. Combinando todos os países da América Latina, cerca de 100 milhões de pessoas receberam alguma forma de apoio governamental no segundo trimestre de 2020. Até 80% desses recursos são utilizados ??para comprar produtos básicos, portanto, o impacto no mercado de bens de consumo é enorme e atinge principalmente as classes mais baixas.

“Quando comparamos o crescimento dos bens de consumo massivo com a ajuda governamental, vemos que há uma correlação clara: os países com menos apoio apresentam o menor crescimento. É interessante notar que outras latitudes também possuem programas de ajuda, mas as pessoas não ficam tanto tempo em casa como acontece na América Latina, então os recursos do governo encontram sua correlação mais forte em produtos de bens de consumo massivo em nossa região”, adicionou Cecilia Alva de Kantar.

No Brasil, 65 milhões de pessoas receberam ajuda de US$100 por mês desde março. Essa injeção de dinheiro aumentou a renda dos beneficiários em quase ¼, em vez de uma queda esperada de 20% causada pela pandemia, caso não houvesse ajuda. Como 1/3 da renda mensal dos brasileiros vai para a compra de produtos de bens consumo massivo, esses recursos adicionais do governo equivalem a quase 4% de crescimento adicional do mercado. Quando olhamos para a América Latina como um todo, até 30% do crescimento do mercado, no segundo trimestre, veio de transferências de dinheiro de governos.

Além da ajuda governamental, o principal impacto sobre o consumo, vem da pandemia e das restrições de mobilidade que ela impõe. As horas extras em casa afetam os hábitos de compra, ou seja, quanto mais você fica em casa, a frequência de compra diminui, portanto, há menos exposição e, consequentemente, compras maiores são feitas a cada vez. Essa tendência é mais acentuada nos países dos grupos 2 e 3 (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru) onde há mais restrições de mobilidade, enquanto no Brasil e no México (Grupo 1), com regras menos rígidas, há mudanças menos drásticas.

Esses dois fatores: 1) pressão econômica e 2) isolamento social interagem para definir o ambiente do consumidor em cada mercado. Os países que compõem o grupo 3 (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru) enfrentaram “eleições mais difíceis”, pois, com sua habitual baixa renda e sem muito dinheiro extra do governo (exceto Peru), a permanência em casa gerava necessidades claras, para as quais eram obrigados a escolher o essencial. Pelo contrário, os do grupo 1 (Brasil e México), com menos restrições de renda e mobilidade, conseguiram manter um comportamento mais normal e até mesmo gastar mais com coisas não essenciais e indulgências.

Outro ponto a destacar, menciona a diretora da Kantar, é que os latinos percebem o dinheiro como fonte de contágio em maior proporção do que os cartões neste contexto, além de permitir o acesso a canais com melhores preços e fazer compras maiores, portanto, os gastos com essa forma de pagamento aumentaram três vezes mais em relação ao dinheiro na América Latina.

Vale ressaltar que o comércio eletrônico é outro canal para o qual a pandemia trouxe novos “motores de crescimento”, por ser considerado uma forma segura de compra de bens de consumo massivo. O fato de na maioria dos países o grupo com mais de 65 anos ter ganhado mais penetração, já que antes tinham barreiras para usar o canal, é prova disso.

“Dizem que há 10 milhões de latinos comprando por meios digitais. O que certamente podemos ser considerado como um legado comportamental para o futuro. Mesmo levando em consideração situações de crise passadas em que os canais e categorias adquiridas foram os principais comportamentos de longo prazo " finalizou Cecilia Alva da Kantar.
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